FSP: "O Trem de Prata"


O Trem de Prata

Economista revisita sua amizade com Otavio Frias Filho, cuja morte completou seis meses


Persio Arida

Minha amizade com o Otavio começou em 1998 quando da última viagem do Trem de Prata. Dotado de cabines simples, dupla e beliches, jantar a bordo, o trem sairia de noite da estação da Barra Funda e chegaria cedinho ao Rio de Janeiro.

Eu fui com as minhas filhas porque era a última oportunidade de viajar de trem-leito, seria uma farra para as crianças. Ele estava lá com a Giulia e amigos, movido certamente pelo mesmo espírito de aventura, mas também por sua ojeriza a aviões.

Ele era sério, compenetrado, me parecia quase soturno, mas nos identificamos no gosto pelo nonsense e pelas situações bizarras.

A começar pela própria viagem — o trem fazia longas paradas no meio do nada, nenhuma informação era dada e por várias vezes pensei que teríamos que descer no meio do caminho. A saída foi pontual, mas só conseguimos chegar ao Rio de Janeiro 14 horas depois.

Não era à toa que o Trem de Prata encerrava ali suas atividades: a nossa malha ferroviária estava se desintegrando. Anos depois rimos juntos contrastando aquela viagem com o lunático Trem Bala da Dilma.

Do Trem de Prata em diante firmamos uma amizade diferente dos padrões usuais. A inteligência dele, perpetuamente insatisfeita, fazia com que nossas conversas transcorressem como prefácios de um livro que nunca foi escrito.


Para ler a matéria completa, clique aqui.


Comentários

Postagens mais visitadas