Trem de Prata: as preciosas imagens de uma era sepultada


Por 40 anos um trem de passageiros uniu São Paulo ao Rio de Janeiro: o Santa Cruz. Ele foi desativado em 1991. A linha foi parcialmente privatizada e em 1995 surgiu o Trem de Prata.  Seu serviço era muito mais sofisticado, com um bom serviço de bordo, carros Pullman com poltronas individuais e cabines-dormitório equipadas como um hotel.

A experiência durou muito pouco apesar da qualidade do serviço. Duas razões acabaram com a confortável, romântica e divertida ligação entre as duas maiores cidades do Brasil. Uma foi a péssima condição dos trilhos, que causava constantes atrasos e até cancelamentos da viagem. Outra razão foi que a partir das metade da década de 1990 as passagens de avião ficaram muito mais baratas. Não dava para concorrer. O último Trem de Prata saiu de São Paulo na noite de 29 de novembro de 1998 e chegou ao Rio na manhã do dia 30.

O vídeo abaixo reúne cenas ainda não editadas de uma reportagem realizada a bordo do Trem de Prata no início de suas operações em 1995. São imagens raras (com trilha sonora inadequada) que mostram um serviço altamente profissional de atendimento além dos detalhes das cabines e do carro-restaurante. E isso aconteceu há menos de 18 anos:

Comentários

  1. Discorri um pouco sobre o Trem de Prata em janeiro, mas com foco maior na estação de São Paulo, a antiga Barra Funda da Santos-Jundiaí, que ainda resiste, como um zumbi, à beira da Linha 7 da CPTM: http://blog.pittsburgh.com.br/2013/01/estacao-barra-funda-santos-jundiai/

    Só lamento que o vídeo não tenha imagens dessa estação. :(

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  2. Ótima comparação, Alexandre... como um zumbi. E nada mais simbólico do Brasil de hoje do que uma estação de trem virar mais um estacionamento. Seu link é um ótimo documento dessa triste realidade.

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  3. Inadequado, diga-se de passagem, é o corte de cabelo da repórter =P

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Aqui uma valiosa contribuição do leitor Luiz Fernando Rudge sobre a história da ligação ferroviária entre Rio e São Paulo:

    "O primeiro trem de luxo Rio-SP chamava-se Cruzeiro do Sul. Saía da Central (Rio) ou da estação do Norte (SP) às 20:40 chegava às 8 horas da manhã seguinte. Já tinha um bom carro restaurante, os vagões eram excelentes – padrão Pullman e dormitórios-beliche. Não eram de aço, e não tinham ar condicionado. No final dos anos 40, chegaram os novos trens de aço da Budd, com a mesma configuração, mas com cabinas individuais – e ar condicionado. Saíam do Rio para SP às 22:20, com o nome de Santa Cruz, e do Rio para BH às 22:00. Ambos tinham locomotivas elétricas até Barra do Piraí, onde trocavam de tração, passando a usar locomotivas Diesel. Este foi, depois, o Trem de Prata. Viajei no Santa Cruz de perto da sua inauguração até final de 1956, com certa constância, quase sempre na cabina individual (que tinha poltrona e cama embutida, quando baixava a cama não podia usar o vaso sanitário). O vagão-restaurante era, realmente, confortável, a turma se paramentava para frequentá-lo, mas a cozinha era um trivial bem feito. Tipo filé com fritas, que eu sempre pedia.
    Os atrasos, na época, existiam mas não eram assim um incômodo, era coisa de meia hora, uma parada a mais. O Santa não era um trem veloz, nada a ver com aquelas filmagens de trem em alta velocidade, era apenas muito confortável. Deixo claro, ao final, que eu era um moleque, tinha autorização do Juizado para viajar, porque estudava no Rio e morava em SP, por conveniências familiares. No restaurante, só bebia Guaraná Champagne..."

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  6. Viajei muitos anos por esta linha e a saudade é grande. Quando menino, vinha de volta redonda até Caçapava, interior de São Paulo, onde passava as férias escolares na casa de avos e tios. Me lembro bem das paradas e dos lanches que fazíamos eu, minha mão e minhas irmãs no vagão restaurante, e também do ar condicionado que deixava os vagões bem frios. Com certeza foi um dos melhores tempos de minha vida. O pasi perde muito por não investir em turismo nesta área, e também no transporte de cargas. O que será que falta? Vontade politica? Acho que não!! Falta interesse comercial ou de ganho.

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    1. Eu acho que está mais para ignorância mesmo. Demos um passo errado, como tantos outros...

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  7. que pena ter parado esta relíquia do passado que traz saudade, e que trouxe a muitos sonhos de um dia viajar no famoso trem de prata, ah... como eu queria...

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  8. eu moro em Volta redonda o tempo de ida ao Rio dependendo do transito pode chegar em até quatro horas eu acredito com passagens de nivel mais moderna diminuindo o nomero de paradas e mellhores maquinas ele seria um substituto alternativo ao trem bala,,,
    seria um trem veloz e moderno...

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    1. Eu conheço Barra do PIRAI e sei que há ferrovias ativas de carga. Eles sabem muito bem que podem manter um serviço ferroviario de qualidade e obter bons resultados. Mas o sistema não trabalha pela população pelo peoprio sistema.

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  9. já fiz esta viagem de São Paulo até o Rio no luxuoso Trem de Prata onde dormi com minha esposa numa cabine, ela ria ao tomar banho não acreditando estar num trem, depois, fomos jantar no restaurante e tomar um drink no vagão bar, havia diretores da Bandeirantes e da Globo colocando filmes, foi adorável viagem e inesquecível. Saudade. Hoje não existe porque nossa política foi comprada pelas montadoras de veículos que poluem demais, transporte ruim caro. O automobilismo comprou o Brasil e fez muito mal para todos nós!

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  10. O verdadeiro motivo para a interrupção da circulação do Trem de Prata foi a danosa iniciativa de se "entregar" para a iniciativa privada, a exploração dos serviços ferroviários por 30 anos (prorrogáveis por mais 30). O trecho acabou virando "centro de custos" para as cimenteiras e mineradoras, com seus bancos aliados...

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