O último trem regular de São Paulo

Fotos: Dagomir Marquezi

A estação da Luz, no centro de São Paulo, já foi ponto de partida e chegada de trens de passageiros para muitas partes do país. Com a destruição das nossas linhas e serviços, hoje a Luz - além de sua bela arquitetura - serve apenas a linhas de metrô e trens urbanos. A única exceção é a ligação entre São Paulo e Jundiaí, feita através de trens regulares da CPTM. É a última ligação ferroviária para passageiros entre dois municípios distantes do estado de São Paulo (excetuando os trens turísticos).

Estação da Luz

Os trens que saem da Luz não oferecem nenhum conforto. São feitos para transportar pessoas de pé entre uma estação e outra dentro do perímetro urbano de São Paulo. Seus bancos são laterais, não existe nenhum serviço a bordo. Os carros são tomados por vendedores ambulantes e pedintes que geralmente gritam demais. Os primeiros quilômetros em direção a noroeste oferecem o pior que São Paulo tem a oferecer: áreas degradadas, ruínas de bairros que não deram certo, sujeira.

A paisagem começa a mudar quando o trem passa pelo Pico do Jaraguá e encontra as primeiras áreas verdes. E o trajeto começa a ter uma cara real de viagem de trem. Passa pelas estações de Vila Aurora, Perus, Caieiras, (com suas paisagens meio fantasmagóricas), Franco da Rocha e Baltazar Fidélis.

O trem que saiu da estação da Luz termina sua viagem na estação Francisco Morato. Os passageiros para Jundiaí mudam para uma composição um pouco mais moderna e bem cuidada. E fazem o trecho final passando pelas estações de Botujuru, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista. A estação de Jundiaí chega depois de quase duas horas de viagem. É bem mais do que um carro ou um ônibus gastariam. Mas viajamos de trem. E é este trem é o único que nós, paulistanos e jundiaienses temos para chamar de nosso.
Próximo à estação está o Museu da CPEF - Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Mas este é um assunto para um próximo post.

Colaborou: Ricardo Dias (com o autor)